Do Meu Folhetim https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br Meias verdades sempre à meia luz Thu, 30 Sep 2021 12:29:11 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Apegada https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/10/15/apegada/ https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/10/15/apegada/#respond Thu, 15 Oct 2020 14:27:23 +0000 https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/polvo-320x213.jpeg https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/?p=835 Um escritor querido, com quem dei aula na semana passada, entrou no Zoom com uma cara melhor do que a de sempre. “O Átila liberou nosso café”, me avisa, feliz com a notícia de que, em São Paulo, a quarentena dava sinais de que ia abrandar. A gente continua sem se ver pessoalmente, o escritor e eu, mesmo com o Átila dizendo que pode, mas há realmente alguns dias que as coisas parecem um pouco mais relaxadas por aqui.

Em casa, por exemplo, houve consenso de que tudo bem aceitarmos o irrecusável convite de um amigo para passar o último feriado na fazenda. Espaço para o menino jogar bola, correr e tomar sol, piscina para os dias mais quentes, e companhia excelente de gente amada e tão quarentenada quanto nós.

A única contrapartida eram cuecas. Não de todos os convidados, só do meu namorado mesmo. O dono da casa tinha ido antes para o refúgio, e a sacolinha com roupas de baixo ficou esquecida em cima da cama em São Paulo. Será que é esquisito emprestar cuecas, me perguntaram, e eu tive que responder o que pensava de verdade.

Meninas não emprestam calcinhas. A gente separa algumas na gaveta, bota num saquinho de pano, e dá pra amiga esquecida. Toma, que elas agora são suas. Já dei calcinhas para amigas ao longo da vida. Mas fiquei pensando que foram raras as vezes em que me desprendi de coisas com facilidade, mesmo que fosse para salvar uma conhecida nua.

Sofro de apego crônico. Egoísmo selvagem. Talvez pudesse culpar a infância sem grandes luxos, mas sei que é uma justificativa que não passa no controle de qualidade da sessão de análise. Deve ser porque fui filha única. Porque tenho uma personalidade tóxica. Porque nasci sob o signo de touro. Porque não completei a evolução da alma.

E, se sofro com a perspectiva de dividir coisas, compartilhar pessoas também não parece nada relaxante. Espero que ao menos nisso Lacan me ajude com teorias, explicando essa conexão direta e incorrigível entre o apego material e o emocional. Porque existe no mundo um total de zero pessoas que sofrem de apenas uma dessas modalidades.

No filme “Me Chame pelo Seu Nome”, de 2017, há a cena clássica entre o jovem e o visitante que se apaixonam e vivem um breve romance durante as férias de verão, aquela em que eles decidem juntos que se chamarão, na intimidade, pelos nomes trocados um do outro. Não à toa é o momento que dá o título ao filme.

Ao chamar você pelo meu nome, e responder quando você disser o seu para mim, fica estipulada uma fusão de identidades possível apenas em relações de paixão profunda e entrega total. É lindo. Mas não deve ser muito saudável, se durar além de uma estação.

Este final de semana, todos providos de cueca e felizes depois do futebol, corrida, sol e piscina, a busca da Netflix sugeriu “Professor Polvo”, uma produção sul-africana de nome terrível, mas com uma boa sinopse: um mergulhador registra a relação de afeto que desenvolve com um polvo fêmea em uma floresta subaquática.

Não sou de contar finais, mas também gosto de imaginar que os leitores não são tontos e entendem que documentários desta natureza podem prever finais emocionantes, porém não muito felizes. Choramos todos, acho, a sala de TV da fazenda estava quase escura.

Perguntei ao moleque, então, o que ele achava de o mergulhador, que visitou o polvo diariamente ao longo de um ano inteiro, não ter dado um nome ao animal – ele só usa o pronome “ela” para contar sua história toda, em uma hora e meia de filme.

“Ele sabia que ela não pertencia a ele, e que em algum momento eles iam seguir caminhos diferentes”, respondeu. Que incrível que é ser apegada emocionalmente a alguém assim ainda tão jovem e com uma sensibilidade já tão brilhante.

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Morrer amanhã https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/08/10/morrer-amanha/ https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/08/10/morrer-amanha/#respond Mon, 10 Aug 2020 10:00:54 +0000 https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/cova-320x213.jpg https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/?p=763 Uma grávida de 34 anos deu à luz já inconsciente, e morreu sem ver a filha recém-nascida. Um homem de 37 tinha se mudado havia duas semanas para morar com a namorada, e morreu antes mesmo de desembalar todas as caixas. Outro, de 52, andava ansioso com a formatura do filho na faculdade em dezembro – não deu tempo de esperar.

Se eu morresse amanhã, morria triste de deixar tanta coisa pra trás. Nenhuma hora é boa de se morrer, claro, mas essa agora, justo amanhã, ia não só levar embora comigo as memórias e a expectativa de viver por muito tempo, mas principalmente largaria pelo meio muitos planos importantes.

Quer dizer, eu acho que parece importante ansiar pela florada anual da rosa do deserto que botei perto da janela, para pegar bastante sol. Enfrentei até infestação de pulgões. Eliminei os ovos com cotonetes todo dia de manhã, limpei as folhas com pano. Reguei e adubei a terra. Morrer antes de ver o primeiro botão não parece simpático.

Tem o romance que finalmente comecei a escrever, e que eu não gostaria de partir antes de terminar. Coisa mais sem graça, almejar a vida toda publicar um livro, e deixá-lo escrito pela metade, com os personagens sem saber pra onde ir. Infeliz do escritor que morre antes de bater a página 100.

Morrendo amanhã, não dava tempo de juntar dinheiro para deixar para o meu filho. Ia ficar faltando ajudá-lo na escola nova, no vestibular, vê-lo escolher uma profissão. Não ia dar para saber se ele foi feliz ou não. Nem se comeu direitinho o café da manhã de terça-feira.

Meus pais chorariam o adeus imprevisto. Um filho morrer antes da gente nunca faz parte dos planos. Mas ir embora assim de repente pioraria tudo, eu acho, porque já há meses que não nos vemos. E não ia sobrar ninguém para cuidar deles na velhice. E aquela viagem juntos até algum país distante e bonito não ia mais poder contar comigo.

Se eu morresse amanhã, eu não conheceria em janeiro o bebê da minha amiga. Não saberia se vai mesmo haver ou não um Carnaval. Se vai ter vacina, em que data reabrem as praias, quem vai descobrir a cura. Ficaria eternamente em dúvida sobre quantas cientistas salvarão o mundo dessa vez e sempre.

Era tão melhor não morrer amanhã para esperar e ver quando e de que jeito o presidente cai, se ele pede perdão, se lamenta as mortes, as injúrias, os pés pelas mãos. Ver se quem votou nele admite a culpa, compartilha do crime, sente remorso. Desvendar o modo como sumirão para sempre os desembargadores, os engenheiros formados, os racistas de condomínio.

Ainda faltam três anos para acabar minha segunda faculdade. Duas vidas para ler tudo que eu quero. Uma boa década para dormir no peito do homem que eu amo, outra para conhecer de verdade as mulheres que me cercam. Morrer amanhã não vai me ajudar em nada.

Os planos de mais de 100 mil pessoas só parecem desimportantes porque elas são anônimas. Dê uma cara a elas, e uma lista de sonhos publicada no jornal, e morrer amanhã deixa de ser normal para se tornar, enfim, inaceitável.

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E daí? https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/04/29/e-dai/ https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/04/29/e-dai/#respond Wed, 29 Apr 2020 03:16:44 +0000 https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/bolsonaro.jpeg https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/?p=678 Experimenta falar “e daí” lá em casa pra você ver o que acontece. A última vez que uma criança tentou foi numa mesa de café da manhã e o olhar de reprovação que se seguiu foi tão maligno que ele chorou de encharcar o pão de queijo, inviabilizando a continuidade da refeição.

Se um cônjuge mandar uma dessas, é divórcio com justa causa. Olha, te fiz um bolo gostoso, e daí, ou o meu chefe meu deu aumento, quem se importa, e na quarentena ainda pior, porque já são tão raras as gentilezas, algo como eu lavei a louça toda pra você encontrar a pia limpinha, guardei prato, panela, as taças de vinho estão tinindo, grandes bostas. E daí?

Mas o presidente pode. Aquele que, de zoeira, na internet virou o Alecrim Dourado porque pode tudo, porque tem greencard para obrar pela boca sem ter que lidar com sequelas. E eu acho que o Alecrim acha que pode falar “e daí” porque o “e daí” é coisa típica não só de quem não sabe o que dizer, mas também coisa de menino insolente.

É expressão que até ganha tempo, da mesma família do “você não sabe de nada” e do “isso não tem nada a ver”, sendo que todas elas pensam que dão conta de encerrar uma discussão, quando, na verdade, só dão mais gosto de seguir com a briga, mas, voltando, como eu dizia, eu acho que dizer “e daí” é recurso de quem, além de não ter argumentos, também quer alucinar o adversário. Lotar de sangue no olho quem se maravilha diante de tanta imbecilidade e ousadia.

Um dia o metrô pro colégio se encheu de um cheiro forte de queimado, e eu pensei ter visto uma leve fumaça chegando no vagão, não sei, complicado que ninguém mais tenha percebido, só mesmo eu e meus dois primos que estudavam na mesma escola, e a gente concordou, sem ter que dizer muito, que aquilo ali era um perigoso princípio de incêndio e voltou pra casa da vó sete horas antes do que ela esperava que a gente chegasse, porque não fazia nem 25 minutos que a gente tinha saído.

Daí ela abriu a porta e olhou bem na cara de cínico da gente, que estava claramente fazendo esforço pra acreditar na nossa própria fantasia e ainda convencer um adulto da veracidade daquilo tudo, e a vó mandou todo mundo esperar no quarto dos fundos enquanto ela telefonava pro vô, lá no escritório da Dersa, pra saber o que fazer dali em diante.

O vô era coronel. A diretriz chegou voando. Sem TV nem brincadeira até de noite, e meu primo atirou de pronto, “e daí, vó”, querendo dizer que até parece que a gente se importa, e o castigo se multiplicou por uma semana. Valeu, Guilherme.

Se pega mal mandar um “e daí” pra família, que dirá se atrever num “e daí” prum chefe. Quando eu perder de vez o juízo e qualquer traço de maturidade, e então receber um WhatsApp dele me dizendo pra ir atrás de uma matéria, ou ler pra ontem aquele livro, descolar uma entrevista com fulano, escrever sobre esse assunto bem difícil, vou experimentar falar que “e daí” pra ele, pra ele notar bem o mash up de desprezo e ignorância na minha conduta.

E vai ser quando eu vou ser demitida com toda a justificativa do mundo, ainda que eu não me dê conta disso porque, né, e daí, e eu vou bisar “e daí” mil vezes do caminho do RH até o olho da rua, apenas porque vou estar completamente louca e amoral e tendo certeza de que desde o princípio a razão estava toda comigo.

Experimenta falar “e daí” lá em casa pra você ver o que acontece. Fica todo mundo sem pão de queijo, sem TV, sem brincadeira, sem emprego. Costuma ser assim onde é um adulto que manda.

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Ofmessias https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/04/22/ofmessias/ https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2020/04/22/ofmessias/#respond Thu, 23 Apr 2020 00:44:55 +0000 https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/aias.jpeg https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/?p=671 Em frente ao muro de onde pendem os corpos dos enforcados, a personagem Offred se recorda da frase de Tia Lydia a respeito de como as coisas podem não parecer comuns agora, mas que, depois de um tempo, elas se tornarão ordinárias. “Ordinário é aquilo com que você está acostumado”, diz, no capítulo seis do livro “O Conto da Aia”.

No romance de Margaret Atwood, escrito em 1985, o costume é uma necessidade. Cultivá-lo busca evitar a anarquia. Naquela que é a exacerbação da conduta machista, materializada em uma nova sociedade chamada Gilead, a ideia não é fazer com que as pessoas achem que a ordem geral está correta, mas, sim, fazê-las esquecer como seria (e foi) um mundo diferente.

Em um cenário como este, conceitos antes repugnantes se tornam aceitáveis. Submeter mulheres a estupros mensais sob a justificativa do sagrado, torturá-las, humilhá-las, desprezar e eliminar homens que rejeitem exercer a dominação, ameaçar qualquer força dissonante: tudo é válido se é a isso que nos acostumamos.

Não é difícil se habituar ao tóxico. Pegue a síndrome de Estocolmo e o afeto pelo agressor, os relacionamentos abusivos que atravessam anos, ou os funcionários que resistem a abandonar o emprego mesmo sob persistentes episódios de assédio moral.

Como em Gilead, muitas vezes estes cativos não conseguem se lembrar de como era a vida antes. Assim, não só entendem que as condições atuais são as únicas possíveis, como chegam ao extremo de se convencer de que nunca mais haverá nada melhor que elas. Fora daqui não há de haver vida, determinam.

São mais propensos a cair neste vão irracional indivíduos já fragilizados emocionalmente de alguma forma. A moça que, com baixa autoestima, se conecta a um parceiro que a inferioriza ainda mais, o empregado inseguro de sua performance, convicto de que aquela vaga sub-humana é a única que pode conseguir.

Ou, quem sabe, também os cidadãos em isolamento social preventivo. Ameaçados pela equação do medo multiplicado por fatores variados, à míngua do equilíbrio emocional tendem a se esquecer como era o mundo antes desse atual, em que um líder se vale de ameaças, humilhações e desprezo para exercer o poder.

Exaltar torturadores, sugerir a morte de milhares, minimizar a fome, caluniar a imprensa, ridicularizar minorias, e sobretudo subestimar um vírus mortal que assola o mundo – conceitos antes repugnantes se tornam aceitáveis. Perdoam-se os crimes do comandante, veste-se o chapéu branco, ergue-se a saia em sinal de submissão. Adota-se um novo nome, com um Of na frente para designar posse.

Porque só assim para explicar a apatia que nos assola. Essa inércia. Talvez tivessem orgulho de nós os criadores de Gilead, ao ver que o máximo de insurgência contra o absurdo a que nos prestamos é amassar o fundo de panelas nas janelas dos apartamentos.

Mas, se não estamos indiferentes nem conformados, e sim apenas exaustos da imoralidade e dos desaforos, parece que é chegada a hora de reagir. Encarar o muro de onde pendem os enforcados e responder que não, não vamos nos acostumar nem tomar por ordinária a barbárie.

A ficção prova que há meios de fugir de Gilead. De não ser mais Of de messias algum. Sejamos, portanto, nossas próprias heroínas e heróis: nolite te bastardes carborundorum.

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Dia dos Namorados e o presente de um perfil sincero https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/dia-dos-namorados-e-o-presente-de-um-perfil-sincero/ https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/dia-dos-namorados-e-o-presente-de-um-perfil-sincero/#respond Tue, 12 Jun 2018 15:59:12 +0000 https://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/orelhão-320x213.jpg http://domeufolhetim.blogfolha.uol.com.br/?p=195 Vem ano e vai ano e ninguém toma a coragem de cancelar o Dia dos Namorados. Cadê o Temer quando a gente precisa? Por uma causa dessas os caminhoneiros não param?

É sempre a mesma ladainha. Quem tá em um relacionamento fica se esforçando para dar um presente bosta para a cara-metade, pagando perfume em crediário, chocolate superfaturado, bicho de pelúcia pra encher de poeira na cama, enquanto quem tá solteiro sofre, achando que tá perdendo grandes coisas por não receber um cartão virtual ou um textão com foto no Facebook.

Ninguém fica feliz, basicamente (tirando o dono da Giuliana Flores e do Motel Colonial Palace, mas, enfim, só eles mesmo). E vira meio Copa do Mundo, um grupo contra o outro no Facebook, ah, eu tenho alguém que me coma, segura essa relação estável, você tá aí sozinho, melhor mesmo é amor próprio, antes assim do que com namorada lixo. Preguiça.

A gente simplesmente não sabe se relacionar. Fim.

Quem sou eu na fila da Fluoxetina para falar de psicanálise, mas acredito que um dos grandes problemas dos namoros e casamentos está no fato de que a gente, na ânsia de agradar e ser amado, finge que é alguém diferente, enquanto o outro finge que é outrem, e ficamos os dois ali transando e tentando encontrar a felicidade – que, nesse formato, sorry to say, nunca vai chegar.

No mundo ideal, a gente se apresentaria aos crushes da forma que de fato é. Com os buracos, defeitos, desejos, taras estranhas. Manja anúncio de orelhão? Natália gostosa engole tudo etc? Ou perfil de aplicativo de relacionamento, quando todo mundo mete aquela foto naturalíssima e um resumo mentiroso do seu jeitinho estranho de ser? Imagina se fossem sincerões os perfis.

FABRÍCIO. Moreno, olhos claros. Me acho melhor na cama do que realmente sou. Te ignoro no dia seguinte e pergunto no chat quem é aquela sua amiga gata do Facebook.

JACQUELINE. Baixa autoestima, insegura, me apaixono por todo mundo com quem saio. Durmo com você hoje e amanhã já jogo seu nome no tarô online para saber se você me ama.

DÉBORA. Gata, bem-sucedida, tenho três prêmios internacionais e quatro apartamentos em Pinheiros. Pareço resolvida, mas, já no terceiro encontro, aproveito para fuçar seu celular enquanto você vai ao meu lavabo de mármore.

ANDRÉ. Levo você para comer sushi e conhecer minha mãe. Mês que vem te chamo de vaca.

LETÍCIA. Corpo violão, voz de soprano, preparo um risoto de comer de joelho. Do mesmo jeito que traí meu namorado para dar para você, vou te botar chifre quando pegar seu melhor amigo.

RENATO. Curto crossfit, te convido para treinar junto, vamos rachar um whey no parque. Mas só de segunda a quinta, porque de sexta a domingo eu fico com minha namorada oficial.

PEDRO. Alto. Executivo. Pago assinatura premium do xvideos.

Pois é isso, a vida, uma eterna busca por um match perfeito, ainda que a gente saiba que isso não existe. Um sofrimento para se encaixar nos padrões, para não ser diferente, sendo que todo mundo no mundo é diferente um do outro. Ah, o “serumano”.

De modo que, se posso dar um único conselho nesta terça-feira de sol é o de que todo mundo tenha um feliz Dia dos Namorados, seja solo, seja acompanhado, porque o que importa no 12 de junho (e no 13, e no 21 de agosto, no 9 de outubro, janeiro, fevereiro, 16 de abril, 14 de maio) é a gente gozar e ser feliz. A idealização do amor verdadeiro e eterno, ah, essa a gente resolve depois.

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