Acabou a mamata

O telefone toca no Leblon. É interurbano, prefixo de Salvador. O compositor atende, e, do outro lado da linha, a voz de Wagner Moura. A princípio acha que é trote, um telemarketing que imita o Capitão Nascimento. Logo vê que é mesmo o amigo da Bahia, ligando aflito com a má notícia.

– Acabou a mamata, Chico. Acabou.

O filho de Sérgio Buarque de Hollanda, que desde a época do pai famoso vivia mamando nas tetas do governo, se desespera. Onde vai se pendurar agora. Como vai fazer para pagar os boletos, se sua única fonte de renda eram os recursos públicos.

Aquele dinheiro que tanto podia ir para a saúde, quanto para a educação. Quem vai financiar seu esquerdismo maligno agora, quem vai bancar seus shows, discos e livros. Está velho, e nem procurar um emprego decente pode.

Você, Wagner, até pode ser que consiga. Deve ter vaga na novela da Record. O ator, que nos últimos dois anos morava nos Estados Unidos gastando os lucros fraudulentos de seus papéis no cinema, rabisca contas aleatórias e desesperadas na embalagem de chocolate Lindt que o filho deixou em cima da mesa. Como é que eu vou interpretar fariseu sem barba.

A outra linha de seu iPhone 13 toca. Só um minuto, Chico, deixa eu ver quem é, e o nome de Daniela Mercury pisca na tela enquanto o toque reproduz acordes do “Bella Ciao” tocado com marimbas.

– Acabou a mamata, Wagner. Acabou.

Daniela explica que, desde o anúncio do governo, não prega mais o olho. Nem ela, nem a esposa, nem nenhum dos moradores de sua mansão festeira baiana conseguem dormir depois de saber que vão ter que trabalhar direito para saldar as contas do mês. Nunca mais caviar com dendê, nunca mais Lei Rouanet. Rimou, Wagner, deixa eu tentar escrever uma canção.

– Acabou a mamata, Camila. Acabou.

A novidade agora chega via WhatsApp, já que a filha do esquerdista Antônio Pitanga não atende, porque afogada em lágrimas no travesseiro. A maquiagem caríssima toda borrada. Provável que agora precise complementar a renda com algo além da Rede Globo, bem como trocar o rímel da Dior por um da Vult.

Os artistas, em polvorosa, espalham com velocidade a notícia. Quem mandou fumar maconha. Quem mandou defender mamadeira de piroca. Arrependido de sua conduta vergonhosa no passado recente, Gregório Duvivier é visto vagando maltrapilho pelo Largo do Machado. Oferece dez panos de chão pelo preço de oito.

Ao final de uma sexta-feira, conseguiu juntar catorze reais, quantia infinitamente menor que a Rouanet pagava, na época em que a Ancine ainda não tinha acabado com o canal gayzista libertário “Porta dos Fundos”.

Entra debaixo de um orelhão, digita 011. Quando a secretária da Folha avisa que vai transferir à direção, ele já prepara o argumento infalível, que deve lhe render sua vaga de colunista de volta, ao menos até a falência de toda a mídia golpista.

– Acabou a mamata, chefe. Acabou.